O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), negou nesta sexta-feira (13) à Polícia Federal qualquer plano de deixar o Brasil ilegalmente. O depoimento ocorreu em Brasília, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após suspeitas levantadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Réu no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, Cid firmou delação premiada e, em troca das informações prestadas, teve sua pena limitada a até dois anos de prisão.
A suspeita de fuga ganhou força com a viagem recente de seus familiares aos Estados Unidos. Esposa, filha e pais do militar embarcaram para Los Angeles no fim de maio. A defesa alegou que se trata de uma visita a parentes, com retorno previsto, e reforçou que o STF já havia sido informado sobre a cidadania portuguesa de Cid — documento que seus advogados se ofereceram para entregar à Corte.
Outro tema abordado foi a possível utilização de um perfil falso no Instagram para manter contato com aliados de Bolsonaro durante a colaboração com a Justiça. Reportagem da revista Veja aponta que Cid teria usado a conta “Gabriela” (@gabrielar702) para esse fim, mas ele nega a autoria das mensagens.
O depoimento também serviu para reforçar a validade de sua delação, após o vazamento de áudios em março em que o militar criticava a condução da investigação e dizia ter sido pressionado. À Polícia Federal e ao STF, Cid disse que se tratava de um desabafo e reiterou o conteúdo da colaboração.